O Governo angolano aprovou hoje a realização de um sorteio nacional para incentivar a população a aderir à vacinação contra a Covid-19, que está aquém das expectativas das autoridades sanitárias do país, e vai sortear uma viatura entre os cidadãos com as duas doses da vacina.
A informação foi avançada pelo ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, Francisco Furtado, no final da oitava reunião do Conselho de Ministros, realizada sob orientação do Presidente do MPLA, Presidente da República e Titular do Poder Executivo, João Lourenço.
Francisco Furtado disse que foi constatado que, apesar de se notar uma evolução positiva da eficácia das medidas, aliado ao facto de o país estar com níveis bastante satisfatórios de recepção de vacinas das diferentes variantes que estão a ser utilizadas, “a adesão da população não está a ser positiva”.
O dirigente frisou que os novos postos de alto rendimento instalados nos sete municípios da província de Luanda deviam cada um, em média, vacinar cerca de 3.000 pessoas, havendo em todo o país condições para uma média de 90.000 pessoas vacinadas por dia.
“No entanto, esta afluência está a ser bastante reduzida, foi recomendada nesta sessão que a Comissão Multissectorial de Prevenção e Combate à Covid-19, as comissões provinciais e os órgãos de comunicação social, particularmente, desempenhem um papel mobilizador no sentido de sensibilizar as pessoas a vacinarem-se”, salientou.
“A vacina vai contribuir para a redução das probabilidades de contágio e dos efeitos que a doença tem causado, se assim for nós teremos de facto condições de melhor manter a estabilidade, não estarmos preocupados com a cerca sanitária nem com outras medidas”, sublinhou.
Como forma de estimular a população a aderir à vacinação, prosseguiu Francisco Furtado, o Conselho de Ministros aprovou uma proposta de realização de um sorteio, no dia 31 de Dezembro deste ano, “para, aleatoriamente, premiar um cidadão que tenha tomado as doses de qualquer uma das variantes de vacinas [existente no país]”.
De acordo com o ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, será um sorteio nacional, a ser feito a nível de todas as províncias, “como forma de estimular os cidadãos”.
“Porque não é obrigatório exigirmos às pessoas a vacinarem-se, mas deve ser um ato de consciência de cada um, como estímulo estabeleceu-se esta premiação que será feita no dia 31 de Dezembro de 2021”, vincou.
Angola já administrou, desde o dia 2 de Março deste ano, 2.021.999 doses de vacinas, havendo 901.861 pessoas com a vacinação completa, anunciou, na segunda-feira, o secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda.
“Estamos a caminhar, mas ainda falta muito e há toda uma necessidade de apelar uma vez mais a toda população na adesão aos postos de vacinação”, referiu Franco Mufinda durante a apresentação da situação epidemiológica do país sobre a covid-19.
Angola registou até à data um total de 47.331 casos positivos, 1.210 óbitos, 43.322 recuperados e 2.792 activos.
A Covid-19 provocou pelo menos 4.507.823 mortes em todo o mundo, entre mais de 216,98 milhões de infecções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
Segundo o jorna português ECO, em artigo de Joana Abrantes Gomes, publicado em 27 de Julho, com vista a atingir a imunidade de grupo, vários países desdobram-se em incentivos para vacinarem a população contra a Covid-19. Há ofertas para tudo, das mais excêntricas às mais peculiares:
«Dos EUA à Europa, chegando à Ásia, a campanha de vacinação contra a Covid-19 tem decorrido a ritmo acelerado, até agora. Inoculados os mais idosos, que são também os mais vulneráveis ao vírus, os país começam a sentir maior resistência da população com menos idade para receberem uma das várias vacinas desenvolvidas para os proteger.
Confrontados preocupações com os efeitos secundários a longo prazo, mas principalmente com a crença entre os mais jovens de que o seu sistema imunitário é suficientemente forte para vencer facilmente a Covid-19, e receando não conseguirem alcançar a imunidade de grupo até ao próximo inverno, muitas regiões ou mesmo países começaram a oferecer incentivos para convencer os seus cidadãos a tomarem a vacina.
Há dezenas e dezenas de iniciativas um pouco por todo o mundo. O ECO reuniu algumas neste artigo, desde as mais tradicionais, em que quem recebe a vacina obtém também um “cheque”, até às mais excêntricas, onde se pode conseguir um Tesla ou mesmo um apartamento de luxo. Mas há também outras campanhas mais peculiares, em que a vacina vem com um prato de almôndegas ou mesmo com a vaca inteira.
Nos EUA, depois do entretanto famoso “Joints for Jabs”, ou seja, charros por vacinas, no Estado de Washington, têm aumentado os programas de incentivo à vacinação que “pagam” a quem aceitar ser inoculado contra a Covid-19,
Na Califórnia, foi concebido um plano de 116,5 milhões de dólares (quase 100 milhões de euros) para encorajar mais pessoas a obter a vacina até 15 de Junho, data em que muitas restrições foram levantadas.
No Estado da Carolina do Norte, qualquer pessoa com mais de 18 anos que receba a sua primeira dose de uma vacina contra a Covid-19 ou que leve alguém a receber a sua primeira dose receberá um cartão pré-pago no valor de 25 dólares (cerca de 21 euros). Porém, quem já foi vacinado poderá receber um prémio bem maior: 1 milhão de dólares (perto de 850 mil euros) ou uma bolsa de estudos para ensino pós-secundário de 125 mil dólares (cerca de 106 mil euros).
Também o Colorado vai começar a oferecer cartões do Walmart de 100 dólares (cerca de 85 euros) aos residentes que receberem a sua primeira ou segunda dose em determinados locais de vacinação operados pelo estado. Além disso, o sistema de faculdades comunitárias do Colorado, em parceria com a Amazon, vai dar até 67 bolsas de estudo.
A antiga colónia britânica está oferecer os “prémios” mais vistosos, como barras de ouro, um Tesla ou um apartamento completamente novo avaliado em 1,4 milhões de dólares. Só na primeira semana, mais de um milhão de residentes totalmente vacinados contra a Covid-19 inscreveram-se no sorteio para receberem o apartamento de 449 metros quadrados, oferecido pelo Sino Group e pela ChineseEstates.
Em França, tal como em muitos outros países europeus, a regra tem sido a de incentivar a vacinação sem qualquer borla associada. Perante as maiores dificuldades em conseguir que as pessoas recebam a dose da vacina, a lógica tem sido a de aumentar as restrições.
O presidente Emmanuel Macron tornou a vacinação obrigatória para os profissionais de saúde e estabeleceu restrições mais rigorosas para onde os não vacinados poderiam ir e o que poderiam fazer. Assim, desde 21 de Julho, a vacinação passou a ser exigida para poder entrar em estabelecimentos de lazer e cultura; até agosto, a vacinação será exigida à entrada para qualquer lugar, desde restaurantes a hospitais e a apanhar comboios de longa distância.
O Governo grego incentiva que os jovens com idades entre os 18 e 25 anos se vacinem até ao final deste ano atribuindo 150 euros num cartão pré-pago e ainda uma certa quantia em planos de comunicação de telemóveis mensais. O dinheiro do cartão poderá ser gasto em viagens e eventos culturais.
Em Moscovo, o Kremlin advertiu que pelo menos uma vacina será obrigatória para aqueles que ocupam posições de serviço, desde os transportes até aos restaurantes, até meio de Julho. No entanto, o ditado de “vacina-te ou perdes o teu emprego” tem sido acompanhado por uma série de incentivos utilizados por funcionários e empresas russas com o propósito de aumentar as baixas taxas de vacinação no país, o que inclui rifas para carros gratuitos, motos de neve e viagens com todas as despesas pagas.
O executivo búlgaro adoptou a abordagem de deixar cada cidadão escolher a marca de vacina que gostariam de receber.
Para incentivar os mais cépticos a vacinarem-se contra a Covid-19, o país dos Balcãs oferece, desde Maio, um pagamento directo em dinheiro no valor de 3.000 dinares (cerca de 25,50 euros).
A medida sérvia gerou controvérsia, com alguns éticos a dizerem que a oferta podia ser vista como coerciva quando se tratava de pessoas mais pobres que precisavam desesperadamente do dinheiro, e outros a dizerem que a medida não podia ser possível enquanto ainda fosse permitido às pessoas recusar a vacinação. Como se veio a verificar, o número de casos na Sérvia continuou a diminuir após a oferta em dinheiro, mas é difícil dizer quanto resultou do incentivo.
A Eslováquia iniciou uma lotaria semanal para quem foi vacinado com um prémio de 2 milhões de euros. A Eslováquia anunciou ainda um bónus entre 30 e 90 euros para quem convencer outra pessoa a ser vacinada.
Numa cidade filipina, o presidente da Câmara está a planear sortear vacas como forma de incentivo à vacinação, enquanto outra comunidade tem estado a sortear enormes sacos de arroz após ter tido dificuldade em persuadir a população a vacinar-se.
Na Roménia, onde a desconfiança em relação às autoridades governamentais terá interrompido a vacinação, as autoridades locais ofereceram almôndegas grátis em troca da tomada da vacina.»